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REFLEXÃO FILOSÓFICA SOBRE O SENTIDO DA VIDA

“Somos donos dos nossos atos, mas não donos dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos, mas não pelo que sentimos.
Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos.
Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo.”
— Rubem Alves

A busca pelo sentido da vida é uma das questões mais profundas vivenciadas pelo ser humano. Isso faz parte de sua condição de ser racional, de ser no mundo e para o mundo. Segundo Sêneca: “Se um homem não sabe para qual porto navega, nenhum vento lhe é favorável.” É preciso, antes de tudo, saber que caminho queremos percorrer nesta estrada da vida. Todos nós somos inquietos quanto a essa questão; questionamos nossa existência e nossa presentificação no aqui e agora. Viver, contemplar a existência e a certeza da morte faz parte da nossa condição de seres reflexivos, seres de angústia, os únicos que sabem que morrem.

Desde os tempos mais remotos, quando o ser humano se projeta para a vida e para a exploração do mundo, desde as civilizações mais antigas da humanidade, o homem tem sido uma projeção para a existência, que, questionada, o leva a um pensar filosófico. Marco Aurélio foi preciso ao afirmar: “O que fazemos agora ecoa pela eternidade.” Os filósofos gregos, desde a Antiguidade até a filosofia contemporânea, se debruçaram sobre essa temática do eu, do cosmo e do metafísico. Numa visão histórica, social e antropológica, muitos se dedicaram a essa questão, tentando entender o propósito da existência e o papel que as interações humanas desempenham nesse contexto.

As pessoas que cruzam nosso caminho têm um propósito. Nada acontece por acaso; tudo tem uma ordem de ser. Não que o determinismo esteja engessado quanto a essa temática, pois todos nós estamos sempre fazendo escolhas. Marco Aurélio, o grande imperador romano, já afirmava: “Faça cada ato de sua vida como se fosse o último ato de sua vida.” Cada encontro traz consigo a possibilidade de aprendizado e crescimento. As relações humanas são complexas: o envolvimento emocional, a alegria, a tristeza, os remorsos, os traumas, a resiliência e, ao mesmo tempo, as conquistas em parceria fazem parte da nossa trajetória de vida. Somos diretamente responsáveis pelas coisas ao nosso redor e, muitas vezes, tendemos a julgar o outro por aquilo que não nos foi alcançado, esquecendo que somos nós os principais responsáveis por tudo na nossa vida. Como bem cita o escritor russo Dostoiévski: “Todos somos responsáveis por tudo, perante todos.” Portanto, não devemos responsabilizar o próximo por nossas escolhas; devemos olhar para nós mesmos antes de tudo.

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Cada interação pode ser vista como uma oportunidade para refletirmos sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor. As experiências vivenciadas com outras pessoas sempre nos ensinam algo. Zíbia Gasparetto pontua: “(…) nossas atitudes escrevem nosso destino. Nós somos responsáveis pela vida que temos. Culpar os outros pelo que nos acontece é cultivar a ilusão. A aprendizagem é nossa, e ninguém poderá fazê-la por nós, assim como nós não poderemos fazer pelos outros.” Aprendemos na família, no ambiente de trabalho, na relação com os nossos amigos. Momentos de felicidade compartilhada podem fortalecer laços afetivos e nos ensinar sobre a importância do amor e da amizade.

Quando nos decepcionamos com o nosso próximo, temos a chance de aprender—se estivermos abertos a isso. Do contrário, carregamos rancor, ódio e ira eternamente, como se não fôssemos capazes de nos libertar desses sentimentos. Todo sentimento de raiva pode ser sanado; depende de cada um de nós. Somos os principais responsáveis.

A vingança faz parte de um dos sentimentos mais primitivos da natureza humana. O desprezo, o prazer de ver o sofrimento do outro e sentir certa satisfação diante disso fazem parte de um processo interno. Somos diretamente responsáveis por tudo na nossa vida. Aquele velho conceito de “palavra de rei” é fruto de uma visão de mundo ainda arraigada a sentimentos que não traduzem a verdadeira evolução do ser humano. A dor da perda ou do afastamento pode nos ensinar sobre a fragilidade das relações e a necessidade de valorizá-las enquanto estamos presentes. A vida passa. Sentir remorso por ações passadas pode nos levar a mudanças positivas no comportamento futuro, mas também pode nos prejudicar e atrapalhar nossa evolução.

Esses sentimentos não são apenas reações emocionais; eles fazem parte de um processo amplo e complexo de autoconhecimento e evolução pessoal. Nada acontece por acaso em nossa vida; há sempre um propósito em nossas experiências. Tudo faz parte de um aprendizado e de um compartilhamento de vivências. Essa perspectiva pode ser explorada através de diversas abordagens filosóficas. Os existencialistas apontam que a vida não possui um sentido intrínseco; cabe a cada um de nós criar seu próprio significado. Somos diretamente responsáveis pelas nossas escolhas. As interações com outras pessoas tornam-se elementos essenciais na construção desse sentido pessoal.

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Os estoicos acreditam que devemos aceitar o que não podemos controlar e focar a nossa resposta aos acontecimentos. As pessoas que entram em nossas vidas não estão ali por acaso; elas têm um propósito. Tudo na nossa existência carrega um teor de aprendizado.
A resiliência é uma qualidade essencial diante do enfrentamento das adversidades. Ao depararmos com as diversas emoções provocadas pelas relações humanas, desenvolvemos uma capacidade maior de enfrentar desafios futuros. Essa habilidade é crucial para encontrar um sentido na vida, pois nos permite ver além do sofrimento imediato e buscar crescimento nas dificuldades.

O sentido da vida faz parte de uma construção contínua e inacabada. Ele é moldado pelas experiências vivenciadas, sendo parte da nossa história, do nosso trajeto e da nossa caminhada. O sentido da vida reside em experiências compartilhadas. Estamos sempre em grupo; precisamos uns dos outros para nos fortalecermos. O aprendizado é contínuo, e a resiliência diante dos desafios emocionais proporcionados pelas interações humanas é essencial. Portanto, ao refletirmos sobre as relações em nossas vidas, podemos perceber que elas não são acidentais. Cada pessoa tem um papel significativo na complexa tapeçaria de nossa existência.

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Professor

Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, graduado em Direito, pós-graduado em Gestão Escolar, graduado em Filosofia, radialista de AM e FM e escritor.

Autor de onze livros nas áreas de autoajuda, filosofia, sociologia, Direito e educação.

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