Educação, política e segurança pública

O objetivo da atividade estatal deve ser o jurídico comum e não a vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. (…) O objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação dos espaços de poder. (Livro Textos para Reflexão p.26). – Gonzaga Mota

Falarmos de política, de educação, de segurança pública não é tão simples, até porque nos deparamos com diversos conceitos que nos definem o seu termo. A priori vamos nos ater inicialmente o que significa política. O dicionário Aurélio nos define política como “Ciência dos fenômenos referentes ao Estado; 2.Sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos.3. Arte de bem governar os povos…A segurança e a política estão juntas, não tem como separamos, faz parte do processo de construção do seio social e da história, como também a educação é base do verdadeiro eixo de construção da formação, do caráter do indivíduo, desde a educação informal ao acesso ao conhecimento formal, da escola propriamente dita.

Mas antes de abordarmos aqui sobre a importância da segurança pública, da política e da educação contra a violência que vivenciamos hoje faz-se necessário voltarmos de forma mais aprofundada sobre a questão da política no nosso país. A sociedade acredita que o político seja alguém que o represente e possa com isto trazer mudanças positivas, que possa lhes apoiar as necessidades básicas que toda e qualquer sociedade vivencia, a educação, o trabalho, a oportunidade de trabalho.

Já a segurança pública está concatenada com a política contemporânea, com as suas dinâmicas e projetos nos plenários e no senado diante da representação de seus deputados, senadores etc. A política tem um caráter importantíssimo em nossas vidas pois a mesma atua na nossa vida pública e privada, como sabemos praticamente tudo está gerado dentro da política, nossa vida comum, sobre os nossos impostos e em tudo que consumimos, sobre as nossas estradas, a iluminação de nossas ruas e avenidas, as nossas praças, a nossa segurança, enfim, tudo que normalmente consumimos tem um caráter político. Mas não podemos deixar de citar também de forma mais aprofundada o caráter da ética aplicada sobre a política e naturalmente o posicionamento dos nossos políticos.

Segundo a filósofa Marilena Chauí: “Se a política tem como finalidade a vida justa e feliz, isto é, a vida propriamente humana digna de seres livres, então é inseparável da ética. De fato, para os gregos, era inconcebível a ética fora da comunidade política – a polis como koinomia ou comunidade dos iguais – , pois nela a natureza ou essência humana encontrava sua realização mais alta”. É através do conceito legal de uma ética aplicada a um princípio harmonioso de um fazer justo é que conseguimos alcançar um elemento virtuoso maior, a felicidade. O grande fim para o homem para alcançar a sua plenitude do bom viver é exatamente ser feliz.

Mas, afinal o que vem mesmo a ser a política? Qual é mesmo o seu significado? Como estes políticos nos representam? Quem é o político afinal? Como o elegemos? O que nos diz a história sobre a política, sobre os políticos de uma forma geral? O que os filósofos nos descrevem sobre o significado da política? O que eles têm feito pelo cidadão? Como podemos cobrá-los? Acompanhamos, verdadeiramente, a história da nossa política, dos nossos políticos? Temos uma memória política ou simplesmente nos deixamos levar pelos “cantos das sereias”? Será que nós como cidadãos temos uma preocupação em conhecer a história de nossos representantes ou simplesmente não cobramos e não temos o hábito de reclamar sobre as irregularidades literalmente estampadas na mídia, sobre a história da impunidade? Será que estamos cada vez mais nos acomodando com velhos padrões de discursos “vagos” em que afirmamos “ a política é assim mesmo’, ou muitas vezes dizemos “ este pelo menos faz ou fez alguma coisa” . Mas vejamos o que vem a ser a política sobre o seu conceito etimológico:

“A palavra política tem sua origem na língua grega, mais precisamente no vocábulo polis, que compreende dois horizontes de significação. De um ponto de vista formal e institucional, ela indica um tipo de organização da população que existiu na Antiguidade Clássica e que não se restringiu aos gregos.(…). ⁽¹⁾

A política tem um significado todo especial de compartilhar com a sociedade os interesses desta não no teor único, individualista de cada cidadão mas bem mais que isto, um fim coletivo de um interesse de um povo, de uma comunidade, por isto, como vemos em toda a história política de nosso povo, a política e verdadeira essência está apregoada e sempre foi voltada à consagração de seu discurso na “agora”, na “praça”, onde existe a oportunidade do povo de contemplar o discurso daquele que pleiteia uma vaga em uma assembleia para representar o cidadão.

Pode-se dizer que a política tem este significado especial onde nós como indivíduos, cidadãos, necessitamos de alguém que nos represente, que crie mecanismo de leis, de normas, que possam com isto trazer uma melhor forma de nos relacionarmos socialmente com o outro, uma melhor interação dentro de regras que, de alguma forma nos auxiliem dentro do nosso papel de cidadão.

Como ser consciente de direitos e deveres sociais, econômicos, conhecedor de direitos e deveres trabalhistas, com direito à saúde, à educação e a diversos outros segmentos que fazem valer através deste ordenamento político uma melhor harmonia de relação social e interesses coletivos. Ou seja, tudo isto é política, está voltada à política, tudo é uma forma de estarmos trabalhando de alguma forma a política.

Somos sem dúvida um animal político, vivenciamos a política de uma forma direta ou indireta, não estamos fora dela, somos a própria política, pois os nossos costumes, as nossas crenças, os nossos valores nos remetem naturalmente a uma extensão política, a um resultado dos políticos que elegemos, e com isto não deixamos de ser responsáveis quando elegemos alguém para o poder para nos representar, para trazer de certo modo uma forma melhor de vida no aspecto econômico, social e cultural.

Não podemos deixar de citar que na história da política temos verdadeiramente falando aos bons e aos políticos até porque sempre temos em nossas bancadas de trabalho o bom e o mau profissional. A filosofia, desde o pensamento da Grécia Antiga, a filosofia contemporânea nos dá diversas definições sobre a política, principalmente quando fazemos um passeio pelo história deste de Platão(428-347 a.C) discípulo de Sócrates, onde o seu pensamento político é marca registrada em sua grande obra A República) Aristóteles( 384-322 A.C) e outros grandes pensadores como Nicolau Maquiavel( 1469 -1527), o filósofo Thomas Hobbes ( 1588-1679), John Locke ( 1632-1704) , filosofo marcante como Jean – Jacque Rousseau ( 1712-1778) e Friedrich Hegel (1770 -1831) sem deixarmos de citar também um dos grandes marcos da revolução sobre o estado burguês Karl Marx(1818- 1883).

Todos estes grandes pensadores fazem parte do verdadeiro clássico da ideologia política, dos pensamentos que foram fomentados pelos mesmos na história através dos seus pensamentos, que de alguma forma ainda tem uma forte influência e uma representação discursiva fora a forma atual mais próxima e coerente de fazer política.

(…) Para a Aristóteles “O Estado deve zelar pelo ideal de uma vida humana perfeita, e a política deve dar as diretrizes para execução desse ideal. Por isso, examina os diversos tipos de governo e conclui que o valor de um regime político não está ligado ao modo de distribuição do poder, pois são igualmente bons os governos de um só (monarquia), de um pequeno grupo (aristocracia) ou do povo (democracia moderada ou república), desde que tenham por objetivo o interesse comum. Se isso não ocorrer, essas mesmas formas se tornarão desviadas, corrompidas, perversas: tirania, oligarquia e demagogia”. ⁽²⁾

Como vemos, a questão da política é histórica, sociológica e naturalmente transformada pelo seu tempo, pela evolução dos costumes do povo, dos políticos. Ideias foram sendo trabalhadas desde os tempos áureos do pensamento grego desde a nossa civilização dentro dos aspectos culturais sociológicos e valorativos que se constroem a cada período da história do homem.

O homem é este ser histórico que se relaciona e se refaz a cada tempo de acordo com as suas doutrinas e filosofias que vão sendo lapidadas pelo povo, desenho que é construído sobre a história da humanidade do que ela é e do que ela poderá vir a ser.

O ser humano como animal político e dinâmico, constrói de forma gradativa dentro da história a política ou o perfil político ideal para formação de base dos seus ideais de construção da sua história de vida. Portanto, não podemos nos excluir da política, pois não podemos fazer parte daquela máxima de sermos em plena modernidade e dinamismo do pensamento humano e da velocidade do conhecimento humano, principalmente do novo conhecimento ou porque não chamarmos de neo-conhecimento informatizado estarmos fora desta discussão e participação polícia.

O filosofo Sêneca foi muito feliz quando diz que: Na vida pública, ninguém olha para os que estão pior, mas apenas para os que estão melhor. Cabe a cada de um de nós fazermos uma reflexão sobre esta máxima. Estamos preocupados com os necessitados, carentes, aqueles que precisam de alguma forma de um tratamento diferenciado? O que nós estamos fazendo quanto a isto? Ou será que estamos esperando apenas pelos nossos políticos? O debate em torno desta questão nunca foi tão fascinando como hoje no nosso pais. Especialistas das mais diversas áreas tem discutido e de alguma forma tem levantado possíveis mecanismo teóricos de solução dos grandes problemas vivenciados pela sociedade moderna. Sem sombra de dúvida a política faz parte de tudo isto, pois estamos falando do indivíduo que faz parte da polis, da cidade, que tem direitos e deveres constituídos.

Vários fatos contribuem para a barbaria da nossa segurança, infelizmente estamos vivendo um caos diante da segurança pública no nosso pais, o que diante desta tragédia social tem sido o desafio de sociólogos, filósofos e políticos. Todos nós, na condição de cidadãos do bem, que cumpre com as suas responsabilidades é de convir com a máxima de que a questão da segurança pública está a beira de um colapso ou porque não dizer perdida, sem saber ao certo o que fazer diante desta guerra civil compartilhada pelos grupos formados e unidos da marginalidade que cada vez mais se fortalecem causando com o isso o medo ao cidadão de bem.

Não se pode desprezar a opinião pública, ela tem a sua relevância, o ser humano comum também contribui com o seu posicionamento e o seu repudio. Como bem cita o Marquês de Maricá:.”O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio”, que os nossos políticos possa se espelhar no que diz o povo, diante do seu lamento e do seu discurso de sofrimento.

Com isto temos que ter a consciência de que se faz necessário mudanças, mudanças da nossa legislação, atualização da nossa carta magna, mudança dos valores, de maior rigidez na segurança do cidadão. A não tolerância da tamanha impunidade da marginalização que ecoa no seio da sociedade cada vez mais forte. Nelson Mandela diz

Que a educação é a arma mais poderosa que pode usar para mudar o mundo. Não tenhamos dúvida de que falarmos em mudanças faz-se necessário pontuarmos a base da educação. Desde a filosofia antiga, a luz dos grandes pensadores da educação como os primeiros pedagogos, grandes filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles muito contribuíram para a educação e são naturalmente referencias desta nossa educação vigente até hoje. Educar é termos a oportunidade de trabalhar com os nossos alunos.

Educar é transmitir, é trazer a essência do que foi apreendido cognitivamente e lançar através da voz, da fala, o eco do aprendizado, da beleza das letras, da mistura de palavras que juntas traduzem numa simetria ordenada da nosso discurso, do que se apresenta, do aprendizado por excelência, da mais fina e grata realização de ensinar, com amor e prazer pelo que se faz e pelo que se tem por fazer na condição de mediador, de professor, de educador, não esquecendo do valor do que se faz, do respeito, da dignidade, da credibilidade, do carinho, de ser solidário para com o outro, de ser paciente diante do repassar o conhecimento.

O professor está em constante processo de formação, de uma formação continuada, a nossa formação inicial é a nossa própria formação, a nossa titulação, seja ela graduação, pós graduação, etc. O professor está sempre estudando, pesquisando, está numa constante busca deste conhecimento, a formação continuada se dá através desta lapidação do conhecimento, do estudar, do não se acomodar, de prosseguir, seja num curso de mestrado, seja num curso de Doutora, não tenhamos dúvida que nós na condição de professores estamos numa ascensão funcional.

Somos educadores, formadores de opinião, temos a oportunidade de construir junto com os nossos alunos habilidade e competências. Descobrir talentos, estimular potenciais, como professores podemos influenciar as nossas crianças sobre a importância da leitura, do habito de ler, de adquirir este costume, explicar que a leitura transforma o ser humano, tornando cada vez mais um ser crítico, com discernimento, com foco, com sede do conhecimento, com visão de futuro, com reflexão de passado mais apurado e com a excelência de uma maturidade para o futuro.

Como se encontra a nossa educação, quais as dificuldade enfrentadas por professores, educadores, por gestores, pelo amantes da educação. A discussão teoria da educação na sua excelência é antiga, faz parte dos primórdios da civilização, o ser humano de alguma forma sempre esteve em busca de uma formação, de uma construção de valores, de uma tentativa de, através do seu conhecimento vivencia a beleza do ato de educar e ser educado.

A informação tem sido cada vez mais célere, mais rápida, a interne tem sido uma ferramenta importante para o nosso conhecimento.
O professor é um espelho, é uma representação, é uma referência para o aluno. O professor precisa de um olhar especial para entender, perceber e compreender as habilidades de cada aluno, pois o professor trabalha com inclusão, com a dignidade de pessoa humana. Ser professor é uma mão dupla, de troca de conhecimentos, experiências, saberes em comum.

É possível pensar numa educação sem ter medo de amar, educar com amor, com destreza, com leveza, com zelo. Educação é transformação, é sentir de dentro do coração a vontade de compartilhar o que se aprendeu, é repassar o conhecimento. É possível pensar numa sociedade juta, solidária, participativa, sem violência, harmônica e solidária através da educação.

Não tenhamos dúvida que se tivéssemos uma grande maioria dos nossos jovens na escola e não tivéssemos um índice tão grande de evasão seria possível visualizar um país mais respeitado, em que o ser humano se qualifica e trabalha, em que o número de estatística de jovens seria de certo modo reduzido. A educação é inovação, é comunhão de valores positivos, é paixão, é informação e formação do ser, da dignidade do homem diante do seu meio.

Portanto, temos que levantar a bandeira da educação contra a corrupção, contra a violência e a alienação, temos que pensar numa educação que influencia a coisa pública de forma positiva. Temos que repensar numa educação compartilhada a uma realidade que precisa ser alcançada, do jovem em situação de vulnerabilidade, da falta de apoio e incentivo, em que o estado não estaria simplesmente trabalhando com números de alfabetização mas com formação de pessoas, de gente, de seres humanos que tem a sede de aprender e viver de forma digna.

(1) Fonte: Souza, Sônia Maria Ribeiro, Um outro Olhar :Filosofia – São Paulo -SP -Ed. FTD – 1995 Pág. 155-156

(2) Fonte: Aranha, Maria Lúcia de Arruda, Martins, Maria Helena Pires – Filosofando : Introdução à filosofia – São Paulo – SP Ed. Modera – 1986 pág. 221 a 225)