A natureza das relações humanas tem sido objeto de reflexão e preocupação ao longo da história, assim como dos anais da psicologia, da psicanalise, da sociologia, do pensar filosófico crítico e reflexivo. A percepção de que as relações estão se tornando mais efêmeras e superficiais é uma preocupação comum diante do comportamento da sociedade contemporânea.
Essa tendência pode ser atribuída a uma série de fatores, incluindo avanços tecnológicos, estamos diante da era digital, dos relacionamentos líquidos, de mudanças culturais e sociais que se fundem cada vez mais com o avanço das redes sociais, da interação com outros povos, outras culturas, bem como pressões econômicas e individuais. O mundo parece ter se tornado menor para todos nós que comungamos com a tecnologia da informação.
A ascensão das mídias sociais e da comunicação digital transformou a maneira como as pessoas interagem umas com as outras. Embora essas plataformas tenham o potencial de conectar indivíduos em todo o mundo, também podem contribuir para relacionamentos superficiais e temporários. A comunicação online muitas vezes carece de profundidade e intimidade ocorre nas interações face a face, proporcionando conexões mais frágeis e independentes.
A pressão da vida moderna, os horários de trabalho, a mobilidade geográfica e a busca pelo alcance do sucesso individual podem levar as pessoas a priorizar relacionamentos temporários em detrimento de laços duradouros. Isso pode resultar em uma cultura de descartabilidade, na qual as relações são vistas como facilmente substituíveis e os indivíduos são tratados como dispensáveis. As relações tendem a ser cada vez mais superficiais, as pessoas estão vivendo um relacionamento sem entrega, raso, sem nenhuma profundidade, quem sabe até mesmo pessimista, sem possibilidade de acreditar que pode vir a dar certo, que possa ser duradouro.
Filosoficamente, essa tendência levanta questões sobre a natureza da empatia, da compaixão e da solidariedade humana. O aumento da volatilidade nas relações interpessoais pode refletir uma diminuição na capacidade do ser humano de se comprometer e investir emocionalmente na relação com o outro. Isso pode ter ramificações significativas para a coesão social e o bem-estar psicológico das comunidades por um todo, assim como o reflexo de um vazio pessoal.
Estamos cada vez mais superficiais, não estamos nos aprofundando nas relações, tememos a nos entregar profundamente em quaisquer relações, tememos nos doarmos para o outro, temos medo de se aprofundar, medo de sofrer, contamos com a ansiedade do possível fracasso, daí nos tornos cada vez mais superficiais, estamos na era das amizades e dos relacionamentos efêmeros, sem base, sem sustentabilidade.
Todavia, é importante frisar que nem todas as relações contemporâneas seguem esse padrão. Muitas pessoas valorizam profundamente os laços familiares e cultivam amizades sérias e firmezas. Os movimentos sociais e de iniciativas comunitárias procuram frequentemente fortalecer os laços interpessoais e promover uma cultura de cuidado mútuo.
Portanto, a questão da efemeridade e superficialidade nas relações humanas é complexa e multifacetada. Envolve considerações de caráter sociológicas, psicológicas, filosófico, antropológico assim como as aplicações da tecnologia e da ética que merecem antes de tudo uma atenção especial à medida que a sociedade continua a evoluir em um mundo cada vez mais interconectado.
Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, graduado em Direito, pós-graduado em Gestão Escolar, graduado em Filosofia, radialista de AM e FM e escritor.
Autor de onze livros nas áreas de autoajuda, filosofia, sociologia, Direito e educação.
